Ana Viseu on Mon, 24 Jun 2002 00:56:02 +0200 (CEST)


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[nettime-lat] Policia Espanhola fecha fronteira a manifestantes Portugueses


[Esta noticia foi publicada no Publico e foi-me enviada na lista de email 
da Galeria Quadrum. Aparentemente os media espanhois ainda nao publicaram 
nada sobre o assunto o que e preocupante. Ainda mais preocupante e o total 
abuso de autoridade da policia espanhola e a facilidade com que estes 
abusos ocorrem.  Ana]


Por NUNO SÁ LOURENÇO, em Sevilha
Domingo, 23 de Junho de 2002
www.publico.pt

Dirigentes do BE e do PCP Agredidos pela Polícia Espanhola na Fronteira

Viajavam para manifestação antiglobalização

Dos dez autocarros portugueses, apenas dois conseguiram chegar a Sevilha. 
Pelo meio ficou a maioria do "povo de Seattle" português, impedido pelas 
autoridades espanholas de atravessar a fronteira. A situação meteu rolos 
fotográficos confiscados, "empurrões" e até "bastonadas" a um deputado de 
Portugal.

"Eu não quero tratamento preferencial, eu quero é o seu nome e posto." Terá 
sido esta frase, proferida pelo dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco 
Louçã, a desencadear o incidente que ocorreu ontem de manhã na fronteira 
luso-espanhola, em Rosal de la Frontera. Seis camionetas portuguesas, 
número que englobava os veículos do BE, da associação ATTAC e da Rede 
Anti-Racista, que pretendiam chegar a Sevilha para a manifestação 
antiglobalização "contra a Europa do capital e da Guerra", foram impedidas 
de atravessar a fronteira pela polícia espanhola.

Francisco Louçã e Miguel Portas chegaram mesmo a ser agredidos por cerca de 
12 membros da Guarda Civil, quando já depois de terem descido do seu 
autocarro, exigiam explicações e pediam identificações aos polícias pelo 
impedimento de passarem para Espanha. Assim que os autocarros pararam na 
fronteira, as autoridades policiais espanholas deram a entender que tinham 
"ordens de Madrid" para não deixar passar qualquer camioneta. De acordo com 
Francisco Louçã, os polícias espanhóis adoptaram desde logo uma postura de 
alguma agressividade, com armas de fogo apontadas aos manifestantes, no 
sentido de os impedir de sair sequer dos veículos. "Estavam de cabeça 
completamente perdida", disse Francisco Louçã sobre a dúzia de polícias que 
o forçaram a entrar no autocarro aos empurrões e bastonadas.

Segundo Louçã, estas agressões verificaram-se já depois de se ter 
indentificado como dirigente do BE e como deputado português. A polícia 
disse-lhes então que, nesse caso, ele poderia passar para o lado espanhol, 
mas os outros teriam de ficar. É então que o deputado diz que não quer 
tratamento preferencial e pede a identificação ao polícia, o que, de acordo 
com o dirigente do Bloco "fez o polícia perder a cabeça" e iniciar as 
agressões

Com Ângelo Alves, do PCP, a situação chegou ao ponto de haver "rolos 
fotográficos confiscados à força". Aquele dirigente do comité central do 
Partido Comunista foi também obrigado a regressar à camioneta - 
"torceram-me o braço" - depois de ter exigido à polícia espanhola "um 
documento escrito com as razões" para a fronteira barrada. "Esse documento 
foi-me recusado. Foi então que os meus camaradas começaram a tirar 
fotografias, e eles entram pela camioneta confiscando as máquinas e 
molestando as pessoas". Esses objectos só foram devolvidos já no regresso a 
Portugal e sem os rolos. De acordo com Ângelo Alves, "os portugueses não 
tiveram qualquer acto violento" que justificasse aquela intervenção.

A maioria das camionetas provenientes de Portugal com destino centrado na 
manifestação antiglobalização, não tiveram sorte diferente. José Neves, da 
ATTAC confirmou ter sido também impedido de entrar em Espanha: "A camioneta 
foi imediatamente rodeada por forças de intervenção da guarda civil que nem 
nos deixaram sair." A história repetiu-se com a Rede Anti-racista. Foram os 
primeiros a chegar à fronteira e os primeiros receber "guia de marcha". Os 
dois autocarros que tinham partido do Porto, com o deputado bloquista João 
Teixeira Lopes a bordo, também teve de fazer marcha-atrás em Mourão.

Em qualquer um dos casos, as autoridades espanholas terão justificado a 
obrigatoriedade de regressar a casa com "razões de segurança nacional". Ao 
que tudo indica, nenhum destes veículos fez uma segunda tentativa para 
chegar a Sevilha. As duas camionetas do PCP regressaram a Lisboa quando a 
GNR portuguesa os informou que os seus autocarros "já estavam cadastrados". 
Louçã não quis obrigar os motoristas da empresa privada que o transportava 
a ir contra as ordens do patrão. Que lhes tinha dado ordens expressas para 
fazerem apenas o percurso estipulado.

"Já deu para perceber que para os espanhóis a liberdade de circulação [na 
União Europeia] tem dias", desabafou José Neves da ATTAC. Antes disso já o 
BE tinha reagido aos incidentes: "É extraordinário que o Governo espanhol 
considere uma séria ameaça à segurança nacional do seu país, umas centenas 
de portugueses que mais não queriam que exercer o seu direito de se 
manifestarem em Sevilha", criticou o dirigente do BE. Louçã classificou o 
incidente como um "excesso de zelo de quem substituiu o cérebro pelo bastão 
de um polícia desesperado". Para Ângelo Alves, o sucedido ontem foi uma 
"aitude deplorável, quer a violência, quer a arrogância". Um episódio 
"estranho" para José Neves. "Já nem se trata da questão do acordo de 
Schengen [suspenso há alguns dias pelos espanhóis] ser posto de parte. Há 
15 anos atrás as fronteiras funcionavam melhor que hoje", disse.

Este dirigente promete apresentar queixas junto das autoridades portuguesas 
e europeias pelo que caracterizou como uma "carga polícial"






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