Felipe Machado on Sat, 11 Feb 2006 17:53:55 +0100 (CET) |
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Re: [nettime-br] sistemas paralelos 5 |
Giseli e lista, não produzo muita teoria, apenas tenho minha opinião... então agradeço por poder debatê-la com vocês... fico feliz que tenha concordado em vários pontos. acredito que existem caminhos alternativos que são criados sempre, mas tive vontade de chamar atenção ao fato de que a contracultura, seja popular ou classe média, utiliza cada vez mais das convergências, dai mesmo vem a tal da mídia tática (voces administradores da lista que são experts nisso), a prática de se apropriar dos diversos meios penetrando neles para subvertê-los, fazendo aliados neste caminho como o próprio governo, instituições, ONGs... não são convergências? Se há movimentos que não se utilizam de tais convergências, ainda assim eles estão situados dentro do sistema... isso que eu quis dizer. Mas tudo bem, digamos então que são paralelos. então ficam dois sitemas midíáticos paralelos: 1 a mídia oficial, a qual a contracultura usa de forma tática 2 a mídia paralela, criada pela própria contracultura, de forma tática. é isso? Até ai tudo bem, mas complementando a idéia da complexidade que proponho, me vem à mente a obra com a imagem da cadeira elétrica de Andy Warhol, como um exemplo de algo tão hardcore e pop ao mesmo tempo, em contraste com o hardcore-pop-trilha-sonora-de-novela das rádios atuais..., mas que também possui seus "american idiots"... em um fractal o todo está refletido em cada parte... da mesma forma não temos como fugir do sistema ou da mídia, mas nos tornamos parte tática deles, colocando novas imagens-memes (ruídos) no caleidoscópio... aí, quem sabe um outro mundo é possível. e vou ler mais... abraços, Ruído abaixo, trecho do texto: NOTAS SOBRE O ATUAL ESTADO DO COLETIVISMO ARTÍSTICO NO BRASIL (1) http://www.rizoma.net/interna.php?id=229&secao=artefato "A mídia pode criar seus hypes e engolí-los a seu bel prazer. Isso não tira nem acrescenta muito ao mecanismo espontâneo de surgimento de coletivos por aí. A lógica destas formações independe dela. Mas também não se deve desprezar o seu poder, principalmente em se tratando de efetuar choques semióticos na "realidade". Já não se trata de uma questão de "ser manipulado pela mídia", mas de manipulá-la. Como está sempre àvida por notícias e novidades, os coletivos podem fazer bom uso da mídia através de táticas de comunicação-guerrilha, seja através de boatos, de falsas ações, de autênticos "trotes", chamando a atenção dela para o que se quer dizer. Se a desinformação é uma característica de nossos tempos, por que os artistas não podem fazer uso dela? Intervir em eventos de grande atenção de mídia, realizar perfomances, pranksterismo ou ações nestes focos de atenção pode trazer resultados surpreendentes. Neste caso, vale mais do que nunca a afirmação de Jello Biafra: "Não odeie a mídia, transforme-se nela". On 2/10/06, giseli vasconcelos <giseli.listas@gmail.com> wrote: > Felipe ruído, > > só não tenho como concordar em sistemas fractais...acredito que estão em > paralelo mesmo, perceptível quando focamos na geografia da cidade e os > territórios que se formam a partir de fatores econômicos sociais e > políticos. Isso não é televisionado, não está nas mídias a não ser nas > mídias produzidas nos territórios da escassez. > > a diferença, que considero o paralelo, está nos acessos e ao uso dos meios > de produção. > > estou em belém, e percebo uma classe cultural totalmente dependente dos > meios disponíveis para a promoção cultural (editais, leis de incentivo, > patrocínio cultural), nesta mesma cidade, em paralelo, existe um movimento > embalado pelo ritmo popular "brega" que durante décadas sobrevive > (re)criando suas alternativas de reprodução e permanência, em processo > informal ao sistema dominante. O interessante é que ele reconhece o "outro", > o reproduz, deseja-o, mas sente-se intimidado de utilizar-se dos mesmo meios > por total falta de reconhecimento. Esse fato conduz ao distanciamento, > afastando-o da possibilidade de compartilhar dos mesmos meios. Então não há > convergências. Isso so é possível quando se impõem pelo poder de compra. As > aparelhagens pagam suas mídias televisivas e suas frequências no dial, por > vezes patrocinadas por serviços que estão próximos das camadas populares. > Chimbinha, da banda Calypso oferece 2 milhões em dinheiro na Marajoara > (rádio especializada no gênero "brega"), mas Carlos Santos, conhecido > bregueiro e comerciante popular na região, oferece 3 milhões. Os > protagonistas deste movimento, sempre questionam essa falta de > reconhecimento em qualquer meio midiático que tem acesso(referência no > bregapop.com) ...mas pouco destacam seus modelos de reprodução, onde está > fundamentada toda a diferença e robustez, e reversão da real dominante. > > cito este como um exemplo, não é um caso isolado...é um refluxo que está > presente em todo o país... > a nossa real transformação sempre citada como casos. > > oxalá. > giseli > > > > > > > > > _______________________________________________ Nettime-br mailing list Nettime-br@nettime.org http://www.nettime.org/cgi-bin/mailman/listinfo/nettime-br