VJ Spetto on Sun, 5 Feb 2006 02:28:22 +0100 (CET)


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[nettime-br] sistemas paralelos 2


hj em dia em qualquer lugar que se vá, encontra-se o lar padrao: teve, som 3em1,
computador celeron, movel marabras. é o que eu chamo de lar padrão.
o neo-consumidor brasileiro quer romper o estigma do "pobre terceiromundista",
quer ter poder de compra, e isto é sinalizado pelos seus hábitos de consumo.

acredito que em certa instancia, os habitos de consumo é que acabam definindo
relações sociais e culturais.

acho que podemos citar varios exemplos: o dvd pirata que o sujeito compra como
forma de situa-lo dentro de sua comunidade.  se ele nao se sente a vontade indo
ao cinema "de rico", de "shopping", o consumidor acaba comprando o dvd. aqui
vai ainda uma observação: como se pode condenar esta pratica, se o que este
consumidor quer é "adquirir" (produtos de) cultura a preços módicos?

a igreja Universal e suas similares: o consumidor quer um lugar que dê um ombro,
que o aceite do jeito que ele é. bebado, usuario de drogas, adultero, carente,
pobre, ... a tradicional igreja católica exige conhecimento dos rituais, disciplina,
comunhão, crisma, batismo, casamento, arrependimento. a igreja protestante aceita
qualquer um, independente da origem. basta "aceitar jesus", chorar seus problemas
e pagar um pequeno dizimo - muito menos custoso do que pagar uma roupa de
comunhão.

sistema de reciclagem de aluminio: a falta de recursos leva uma grande parte da
populacao recolher latas na rua para reciclagem.

uma coisa que é bom verificar é a falta de apoio a microeconomia. incentiva-se a 
dona de casa a fazer quitutes para vender - como complemento a renda familiar.
dai a dona de casa vai a rua, monta sua barraquinha, começa a vender, dai vem
a policia e fiscais e espancam a dedicada senhora, quebram a sua barraquinha,
levam seus quitutes.

pode se dizer que o grande problema, ou o "sistema criador de modelos paralelos"
é na realidade uma falta de aceitação da microeconomia e seus coadjuvantes.

//vj spetto//



> este fragmento me provoca a compartilhar uma questão à lista,
> ** podemos citar outros sistemas paralelos que surgem da experiência da
> escassez não só como soluções para o consumo?
>
> "quando as populações pobres urbanas brasileiras são ignoradas
> economicamente ou culturalmente, passam a recorrer a sistemas paralelos que
> possam suprir suas necessidades nesses campos através de meios alternativos,
> que muitas vezes se moldam como pastiches do sistemas de consumo simbólicos
> das classes hegemônicas. Para aqueles que não podem freqüentar ou aproveitar
> o comércio dos shoppings, surgem os grandes "camelódromos" feiras de
> periferia, que vendem imitações mais baratas dos bens de consumo da elite:
> CDs, roupas, brinquedos piratas. Quando o transporte coletivo não atende às
> suas necessidades, surgem os kombeiros alternativos. E assim poderíamos
> seguir citando casos em que, nas próprias comunidades suburbanas, surgem
> "soluções" para seus problemas de consumo particulares."
>
> este fragmento é da tese "A estética do brega: cultura de consumo e o corpo
> na periferias do Recife"  Fernando Israel Fontanella que está disponível em
> pdf no sitio http://www.ppgcomufpe.com.br/detalhe_teses.asp?cod_tese=85
>
> se é mesmo a revanche da cultura popular sobre a cultura de massa, onde mais
> temos isso expresso nas teorias, e nas notícias brasileiras?
> axé.
> giseli
>




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